segunda-feira, 30 de junho de 2014

Teoria da Dissonância Cognitiva

O texto fala sobre coerência no pensar. Primeiramente cita sobre como algumas pessoas pensam de uma maneira, porém tem pensamentos incoerentes em relação a esse primeiro pensamento (exemplo: se declarar como não racista, porém não querer morar em um bairro com negros). O que interessa aos pesquisadores são casos em que a pessoa sabe que é errado/negativo e ainda assim o faz (exemplo: cigarro).
O autor apresenta então hipóteses básicas para dissonância: a primeira diz que as pessoas sabendo da existência da dissonância (incoerência) buscam encontram um aspecto de consonância (coerência) para reduzi-la; a segunda diz que a pessoa não só buscará reduzir essa dissonância como também evitará aspectos e informações que possam aumentá-la.
Posteriormente, o autor explica os conceitos de dissonância, cognição e dissonância cognitiva. Quanto à dissonância cognitiva ela pode ser considerada "uma condição antecedente que leva à atividade orientada para a redução de dissonância".
O autor começa a levantar possíveis respostas para o motivo dessas dissonâncias. Uma delas é quanto à chegada de novos conhecimentos e percepções à realidade da pessoa que podem alterar ainda que momentaneamente seu modo de pensar. A segunda baseia-se na explicação de que "nem tudo é preto no branco", ou seja é natural, que nem tudo siga um padrão. Isso nos leva a pensar que a dissonância é inevitável momentaneamente em algumas situações, mas e o que explica o fenômeno de quando ela não é momentânea? Esse é um ponto que o autor acaba abordando ao final do capítulo.
Nesse ponto do capítulo ele se atem em discutir como reduzir a dissonância. Utilizando o exemplo do fumo, ele explica que a pessoa tem duas opções para reduzir a dissonância em relação à suas ideias: parar de fumar ou simplesmente, mudar seus conhecimentos em relação ao fumo, vendo isso agora de maneira positiva. No entanto, em alguns momentos, não é possível nenhuma dessas hipóteses e a pessoa sucumbe à pressões. O autor levanta que outros autores  concordam com seu ponto e resume em uma frase "ponto importa te a recordar é quexiste pressãpara que sproduzam relações consonantes entre cognições e para quse evite ou reduza a dissonância".
Na parte seguinte do texto, o autor busca estudar as relações entre dissonâncias e consonâncias. Primeiramente ele volta a delimitar conceitos. Os dois conceitos referem-se a tipos de cognição, isso é, coisas que a pessoa conhece sobre si mesma, sobre o meio que a cerca e sobre seu comportamento.  Um resumo que o autor levanta é que a cognição em geral se refere ao que a pessoa faz ou sente ou o que realmente existe no meio ambiente, ou seja, tudo que ela conheceu empiricamente.
No tópico seguinte, o autor discute sobre os três tipos de relações que podem existir entre os pares de elementos sendo elas:
- Relações irrelevantes: quando um elemento não afeta em nada a percepções que se tem do outro elemento
- Relações relevantes (dissonância e consonância): elas afetam as percepções, uma podendo ser ignorada ou incongruente com o que é feito, a outra podendo ser congruente com a maneira como a pessoa agirá. Alguns aspectos relevantes da dissonância: ela pode decorrer de uma inconsistência lógica, pode advir de hábitos culturais, pode vir de uma opinião específica ser agregada à uma opinião geral e pode advir de uma experiência passada.
Quanto à magnitude da dissonância, sabemos que a magnitude é variável para cada situação e existem pontos que nos ajudam a determinar qual a magnitude de cada situação.
Quanto à redução da dissonância, o texto fala sobre a questão da mudança de um elemento cognitivo comportamental, da mudança de um elemento cognitivo ambiental e sobre a adição de novos elementos. E termina o texto falando sobre as resistências encontradas: à redução, a mudança de elementos cognitivos ambientais e colocando limites de magnitude e dissonância. 

sábado, 7 de junho de 2014

Obscura (texto 10)

Stanley Milgram era psicólogo interessado em estudar a obediência à autoridade. Isso porque lhe intrigava a explicação que comumente davam em relação ao Holocausto de que as pessoas que se submeteram a tais atos de crueldade eram persuadidas por terem uma personalidade autoritária, que por exemplo na infância tinham passado por experiências que levaria com que elas se submetessem à autoridade quando mais velhas.
Para sua experiência, Milgram convidou voluntários com o "objetivo" de estudar sobre efeitos de punição sobre aprendizado. Com esse objetivo, ele os colocava como professores que deveriam dar choques a cada vez que o aluno lesse uma palavra errada. O aluno em geral errava e vinham os primeiros choques e outros choques e com isso os primeiros gritos. Nos primeiros gritos, o voluntário costumava pedir para parar, no entanto diante de uma negativa do "profissional responsável" pelo estudo, continuava a dar choques seguidamente até que o "aluno" parava de gritar. Isso tudo acontecia sem que o voluntário soubesse que o "aluno" era um ator e sem saber do verdadeiro intuito, embora muitos descobrissem que tratava de uma questão relacionada à obediência.
Como resultado, 65% das pessoas se recusaram a parar. Milgram investigara personalidade, questões da infância, serviço militar e etc, no entanto, o resultado corrobava que era a situação que moldava a atuação do indivíduo. Nesse caso específico, a pessoa sentia-se à vontade para continuar por conta da autoridade verossímil que sentiam ao ser autorizados a prosseguir pelo pesquisador. Após um certo tempo, a ação de certa maneira se tornava automática.
Eu automaticamente comparei os estudos com à velha discussão filosófica do homem bom e homem mau. Para Hobbes, a maldade é inata e isso ajudaria a comprovar a questão da autoridade e personalidade. No entanto, acho que essa pesquisa vai diretamente contra o que vemos no texto, como é mostrado com a exposição dos casos encontrados pela autora.
No primeiro, Joshua, um homem que havia sido bem sucedido em sua carreira, ex-militar, com atitudes agressivas (usou o termo "japas filhos da puta" para se referir à japoneses na guerra) foi um dos que não foram até o final (segundo ele, com receio de ter um ataque cardíaco). Em compensação, um segundo caso, completamente oposto ao de Joshua, Jacob, à época homossexual vivendo um romance com o colega de quarto, estudante, esse foi até o final. Para ele a experiência teve um efeito transformador, a partir dela ele decidiu mudar de vida. Acredito que o exemplo de Jacob explicite sobre a questão da validade externa (se o evento tivesse ocorrido fora de laboratório teria sido diferente?), uma vez que o efeito do estudo foi poderosíssimo sobre a vida do rapaz.
Por fim, gostaria de compartilhar o trailer do filme "A onda". O filme tem uma temática muito similar ao estudo, uma vez que mostra uma experiência de grupo que influenciou individualmente diversas pessoas.

sábado, 31 de maio de 2014

O método de instrução personalizada na UnB: Aplicação, Análise e Comparação com o Método Tradicional - parte 2

Na segunda parte do texto, somos apresentados ao relato da experiência de aplicação do método na disciplina de Introdução à Física em relação ao subgrupo de Mecânica. Os resultados mostram que os alunos acham que nesse subgrupo a compreensão deve ser maior e deve haver maior memorização de detalhes. Vemos também que há menor aceitação do método no sentido que os alunos enxergam menor importância como indivíduos e que apreciam o método. Essa insatisfação é justificada com o fato de que o curso não disponibilizou monitores suficientes e novamente nos deparamos que com isso, não é possível nesse método a improvisação.
No segundo semestre de 1970, nesse mesmo curso, diminuíram-se o número de capítulos do livro utilizado como base, porém aumentou-se o número de unidades a serem percorridas, impactando em uma mudança em relação aos testes. Nesse semestre também houve uma preocupação em ter um acompanhamento mais próximo dos alunos, aumentando o número de instrutores para dois, diminuindo o número de alunos por monitor e com um atendimento de quatro horas extras do professor. A tendência é que com isso existissem mais resultados positivos (à época, o curso ainda estava em andamento).
Quanto à disciplina de Eletricidade e Magnetismo essa só teve o método implementado a partir do primeiro semestre de 1970. Na programação do curso foram colocadas doze experiências, onze unidades e nove testes. Fizeram a disciplina apenas 57 alunos e desse número, houveram 32 trancamentos, impossibilitando conclusões acerca do que foi proposto. Uma justificativa para esses trancamentos foi o desinteresse dos alunos de Engenharia Civil na matéria. No segundo semestre de 1970 tivemos uma diminuição da quantidade de assunto por unidades e modificações em relação ao teste. Na média agora constava a nota das experiências em laboratórios. Houve uma compensação em relação ao número de instrutores por falta de monitores. A tendência é que os resultados sejam positivos.
Quanto à disciplina de Cálculo I, no primeiro semestre de 1970. Foram treze unidades, uma bateria de nove testes em um curso de 555 alunos, sendo em sua maioria calouros. Os resultados foram bem positivos. No segundo semestre em que foi ministrada a disciplina, era uma turma principalmente de repetentes. No entanto, nesse novo método, as pessoas não são repetentes, elas apenas não completaram o curso e com isso elas continuam de onde pararam no semestre anterior.
Para a disciplina de Cálculo Numérico, foram doze unidades, com um teste por unidade. Os resultados relatados foram normais, alinhados com o que já haviam registrado. Não houveram muitas mudanças no segundo semestre.
Na disciplina de Cálculo II, foram 13 unidades com previsão de aprovação de 70% dos 457 alunos.
Quando à experiência de Ensino Médio com a disciplina de Física,institui-se menor número de unidades, assistência de alunos mais adiantados aos mais lentos e principalmente discussão dos testes com o próprio professor.
Quanto à influência da teoria no método, temos que baseado na evolução dos estudos psicológicos daquela época, relacionadas à apoio como incentivador de crescimento pode ser destacado, bem como a garantia de se manter dentro do programa (ou seja avançar de acordo com o rendimento do aluno) e o reconhecimento da sociedade através do bom desempenho. O texto fala sobre como também deve se comportar os monitores, exaltando especialmente a questão do apoio.
O texto também fala sobre a questão das tecnologias estarem se desenvolvendo, porém não são utilizadas da melhor maneira possível porque o método tradicional as impede de serem potencializadas. Logo o desenvolvimento estaria intrinsecamente ligado com a proposta desse novo método.
Como conclusão do texto, o autor ressalta alguns benefícios do método, tais como modificação dos conceitos educacionais, maior rentabilidade educacional e menor custo (dado o fato que o índice de reprovação, ou seja, reinvestimento é menor), participação do educando no processo educativo e melhores condições de curso.
Quanto à minha opinião, como já deixei claro no texto, anterior, acredito que esse é um método que teria difícil implementação na situação atual que temos (de uma Universidade de múltiplas propostas e de alunos que desde o período de Universidade buscam se preparar para o mercado já trabalhando desde muito cedo). Além disso concordo com autor, apensar de terem se passado mais de quarenta anos, de que os países mais desenvolvidos se beneficiariam mais do método do que os em desenvolvimento uma vez que neles pelo menos já existe uma base para se começar a pensar em evolução.
Por fim, deixo como reflexão esse vídeo:
Nesse vídeo, esse jovem menino chamado Logan discorre sobre o que as crianças buscam ser quando crescerem: felizes. Nesse vídeo ele questiona porque a felicidade não pode estar relacionada com a escola, com a formação de alguém e isso me fez lembrar de que o método apresentado no texto busca formar as pessoas para o mercado e isso pode implicar em algo além do que o lado profissional de alguém, por exemplo na inteligência emocional da pessoa que está intrinsecamente ligada à felicidade. No vídeo, ele cita outro vídeo relacionado ao tema que também relacionarei abaixo: 
Nesse outro vídeo Sir Ken Robison fala sobre como o sistema atual estigmatiza erros e como isso é danoso para criatividade. Nesse ponto me lembrei da questão do apoio por parte dos professores, por deixar com que as pessoas avancem de acordo com seu próprio tempo. Ele levanta um argumento interessante sobre como o sistema público (e tradicional de educação) é criado para produzir professores universitários que segundo ele são pessoas que "vivem em suas próprias cabeças". Além disso, ele diz que o sistema atual é fruto das necessidades criadas pelo revolução industrial, ou seja, estudamos o que é considerado necessário ou de algum uso. Nesse sentido, sinto que por o método ser mais objetivo, ele acaba focando no essencial para aquele curso determinado. No final das contas, tudo é muito rígido na educação, não se pensa nas necessidades do todo, apenas na produção, no resultado, as pessoas não se tornam diferenciadas através do que compreendem.
Trouxe esses dois vídeos por achar que ambos mostram o quanto o sistema educacional urge por mudanças que foquem cada vez mais na pessoa e não tanto nos resultados. Eu particularmente vejo como isso natural, como uma necessidade até mesmo espiritual/psicológica do ser humano, como se estivessem levando educação para outro patamar e espero que no final sirva para isso mesmo, para que cada vez mais possamos ter não só bons profissionais, mas boas pessoas que de fato contribuam para a sociedade, para o mundo.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Lama no laboratório

O texto relata a experiência realizada por uma turma de psiquiatras com um monge tibetano. O interesse do estudo era conhecer mais profundamente a mente extremamente disciplinada de um monge bem como o que ocorria dentro dessa mente durante o estado de meditação, buscando desvendar se esse estado nos ajudaria a lidar melhor com emoções destrutivas, se a pessoa por esforço próprio pode "moldar" sua mente de maneira a evitar essas emoções sendo assim mais efetiva que medicamentos.
A experiência foi feita da seguinte maneira: Oser, monge tibetano escolhido para o estudo, faria um rodízio mental cotidiano, em repouso, passando assim por diversos estados meditativos. Diante de um vasto cardápio de opções de meditação, os pesquisadores escolheram uma visualização, a concentração em um ponto e a geração de compaixão e o monge escolheu meditações sobre destemor e devoção e "estado aberto", e assim se formou o que eles estudariam daqui para frente. Não entrarei profundamente nelas, porém cada uma possuía características próprias que as distinguiam em teor, embora não fossem tão distintas em processo. Caso o monge conseguisse demonstrar características nítidas e coerentes em quaisquer desses estados meditativos, essa seria a primeira vez que veriam isso.
Durante a experiência, o monge meditou durante pequenas sessões dentro de um aparelho de MRI, repetindo as sessões dos estados que ele havia escolhido. Após esse exame, ele partiu para uma bateria de exames de eletroencefalógrafo. Além disso, durante os dias de experimento, eles tiveram a visita do próprio Dalai Lama que estava ali para discutir os resultados com os pesquisadores, demonstrando tino para entendimento dos dados científicos.
Como um dos primeiros resultados da pesquisa, Davidson conseguiu extrair que muito provavelmente o monge era capaz de regular voluntariamente suas atividades cerebrais, apenas pensando. Ou seja, haviam mudanças no seu cérebro cada vez que ele mudava de estado mental. 
Outro resultado também valioso, aconteceu quando ele meditava sobre compaixão foi uma alta numa atividade elétrica fundamental chamada gama no giro mediano frontal esquerdo (local das emoções positivas). Em outro estudo, Davidson concluíra que pessoas com alta nessa atividade relatavam simultaneamente sensações de felicidade, entusiasmo, alerta, alegria e alta energia. Em um local oposto do cérebro, situam-se as emoções aflitivas, quem tem mais atividade ai está propenso a tristeza, ansiedade e preocupação. Essas descobertas são importantes, pois cada um tem a propensão de alterar o próprio humor e assim alterar a proporção dessas atividades opostas e o monge conseguiu fazer essa alteração de proporções durante essa determinada meditação.
Foi questionado durante as pesquisas se esse resultado positivo eram em razão à personalidade do monge ou em razão do intenso treinamento a que ele foi exposto ao longo da vida. Caso isso fosse em razão ao seu treinamento, essa era uma descoberta essencial para o desenvolvimento humano.
Após os estudos de Davidson, Ekman, outro pesquisador fez um experimento de identificação facial em que as pessoas tinham de identificar em um período muito rápido quais expressões viam. Esse experimento demonstra o potencial empático que cada pessoa tinha. Nesse estudo, as pessoas que melhor se saiam eram mais abertas a novas experiências, curiosas e interessadas sobre tudo. Além de dignas de confiança e eficientes. Ekman convidou Oser com a esperança de que ele como experimente meditador se saísse melhor que os outros candidatos do estudo e assim foi. Por que isso? A conclusão  a que o Dalai Lama chegou foi que a meditação talvez aprimore a capacidade de cognição (perceber estímulos mais rápidos) além de uma maior capacidade de afinação em relação a emoção de outras pessoas.
Nesse mesmo estudo, eles estudaram o reflexo do susto, algo completamente espontâneo e primitivo, sem poder ser contido por nenhum ato racional. O susto foi escolhido para ser estudado porque quanto maior o susto que a pessoa sente, maior a tendência a sentir emoções negativas. Nunca antes haviam conseguido reprimir o susto, porém o monge conseguiu, trazendo maiores implicações para o estudo do desenvolvimento humano.
No experimento seguinte, eles tentaram ver no que implicava fisiologicamente, a discordância, colocando o monge debatendo algumas questões em que ele e uma pessoa tolerante e outra intolerante (uma de cada vez), discutiriam sobre pontos discordantes. Com a pessoa tolerante, a conversa foi extremamente agradável para ambos e quanto à pessoa intolerante, aos poucos o monge a acalmou-a de maneira que ela não conseguia confrontá-lo. 
No último experimento apresentaram para o monge um filme de amputação que mostrava apenas o membro sendo amputado e um segundo filme em que uma pessoa tinha sua pele queimada sendo arrancada. No primeiro filme, a reação do monge foi uma aversão normal. Porém no segundo filme, o que ele pode ver a pessoa inteira, o monge sentiu uma profunda carinho, consideração e compaixão pela dor da pessoa, pensando em como amenizar o sentimento dessa pessoa.
Diante desses resultados, o pesquisador decidiu prosseguir com essas pesquisas com pessoas que ao contrário do lugar comum da Psicologia, não eram "problemáticas", mas sim extraordinárias. Extraordinárias no caso eram pessoas que emanavam a sensação de bondade (não só passando, mas sendo de fato bondosos), eram desprendidas em relação ao status, fama e etc; e por fim eram extremamente concentradas e atenciosas. 
O experimento que se seguiu foi em relação a neuroplasticidade do cérebro (ou seja capacidade de ser modificado ao longo da vida) e a pergunta central, relacionada com os outros experimentos era se era possível alterar através da meditação alguns circuitos do cérebro associados a diversos tipos de emoção. E a conclusão é que aparentemente sim.
Como conclusão do trabalho, vemos que é possível condicionar nossa mente e que isso só traz benefícios pro próprio corpo e mente. E isso não quer dizer apenas no sentido religioso, mas no sentido puramente trazendo da realidade humana hoje em dia.

sábado, 24 de maio de 2014

O método de instrução personalizada na UnB: Aplicação, Análise e Comparação com o Método Tradicional - parte 1

O texto se trata de uma crítica ao sistema educacional tradicional, feito com base na experiência de implantação de um método de instrução personalizado no período do final dos anos 60 e início dos anos 70. Quando se trata de ensino tradicional, falamos do método em que o ensino é feito através da transmissão oral de conteúdo, através de exposição e muitas vezes misturada com dinâmicas de grupo ou trabalhos, associadas normalmente a salas de aula e professores. Eles criticam também a possibilidade de improvisação que esse método permite, levantando que  devemos buscar métodos mais racionais. Outra crítica do sistema era em relação ao fato de que os alunos, por participarem de um sistema generalista, tendem a avançar quando ainda não estão preparados ou mesmo permanecer na mesma matéria quando já estão prontos para avançar. Em suma, existe uma crítica geral ao fato de que sem métodos racionais, as pessoas ingressam no mercado sem entender profundamente o que se dar por trás de uma tarefa, sem poder contribuir no desenvolvimento da sociedade. 
A experiência aconteceu ao longo de quatro semestres letivos, em três disciplinas de Física e três de Matemática em nível universitário e três disciplinas de Física em nível médio A. Inicialmente ela foi proposta pelo professor F.S. Keller do Departamento de Psicologia, ao ministrar Psicologia Experimental e foi retomada pelo professor L. C. Gomes.
Nesse novo método proposto, os alunos tem as matérias divididas em unidades e iam progredindo na matéria de acordo com a compreensão  que tem da matéria, só avançando quando sentem-se prontos. Isso era feito individualmente, sem aulas expositivas recorrentemente, onde os alunos tinham momentos em sala de aula apenas para debater suas dúvidas com o monitor e para o fim de estudar os módulos propostos. O monitor era parte de uma equipe de 15 monitores, dois instrutores e um professor (em uma turma de 150 alunos), isso no caso da faculdade (no caso de Ensino Médio, dispensava-se os monitores e instrutores). O aluno era avaliado através de testes de cada unidade, sendo que ele era só era aprovado caso obtivesse nota máxima, podendo refazer o teste quantas vezes fossem necessárias. Além disso o aluno também era avaliado através de um exame final.
Como resultado tivemos em um primeiro semestre em que foi ministrado a disciplina de Física que mostrou um aumento no número de aprovações, melhores resultados e satisfação dos alunos em relação a esse novo estilo de ensino, em uma turma de calouros. No segundo trimestre, em uma turma que era mista de repetentes e pessoas de outros cursos, o desempenho não foi tão bom quanto o esperado e com isso no semestre seguinte o curso foi modificado para que fosse melhorado o desempenho e como resultado, houveram resultados positivos. O 2º semestre de 1970 estava em andamento quando o texto foi escrito.
Em relação ao texto, minha opinião pessoal é de que aprecio o método proposto, porém tenho algumas considerações em relação. 
Por exemplo, acho que seria um método que poderia ter grandes falhos caso fosse levado para hoje em dia. Isso porque com as melhores possibilidades que não só a Universidade, mas que o mercado oferece para nos capacitarmos, muitas vezes deixaríamos de priorizar as matérias e com isso não obteríamos sucesso nas mesmas independentemente do método. Em cursos que tem matérias de Física introdutórias, generalizando, porém posso estar errada, não é tão comum estagiar nos primeiros semestres e com isso as pessoas tem a dedicação total ao estudo. Em cursos como Administração em que os alunos tem a possibilidade de estagiar ou se envolver com extensão desde cedo, muitas vezes o estudo teórico é despriorizado e com isso, o gasto nesse tipo de método seria inútil (levando em conta que essa é uma hipótese generalista).
Além disso, outra pergunta muito levantada através do texto foi essa diferença entre calouros e estudantes que já estavam regulares na Unb. Como vimos no texto, o desempenho dos calouros é superior e com isso, podemos  levantar uma hipótese baseada no desempenho recorrente de calouros. Calouros apesar de se formarem em escolas de métodos tradicionais em sua grande maioria, tendem a chegar na Universidade se "preparando para o pior". Com isso se dedicam muito mais, por não conhecerem a situação empiricamente. Alunos recorrentes tendem a vir enviesados por outras experiências universitárias e por isso, acredito que não se dediquem. Por isso, acredito que esse método teria difícil aplicação caso não fosse feito em mutirão.
Apesar de todas as considerações que tive, acredito que esse método é interessante e deveria ser proposto de maneira personalizada para cada situação, pelo menos adotado em algum sentido porque poderia trazer novas perspectivas para um ensino em que vale a lei em que o mais forte sobrevive e o mais fraco não tem nem a oportunidade de tentar.

sábado, 10 de maio de 2014

Sobre Ser São Em Lugares Insanos

Nos anos 70, David Rosenham resolveu realizar um experimento desafiando a capacidade dos psiquiatras de determinar um diagnóstico e ao mesmo a capacidade dos mesmos em determinar a capacidade social de seus pacientes.
Para esse experimento Rosenham convidou oito colegas, desde colegas de profissão a uma dona de casa, para fingissem apenas um sintoma ("Estou ouvindo uma voz está dizendo 'tum'") e testassem a capacidade de diagnóstico de profissionais de diferentes instituições em diferentes cantos dos Estados Unidos. O sintoma foi escolhido partindo do princípio que o mesmo não constava da literatura e deveria ser seguido de uma total falta de ocorrimento, com uma volta à normalidade do paciente alegando que a voz havia aparecido e respondendo com clareza às perguntas feitas na enfermaria.
Como resultado, todos foram internados por períodos diferentes apesar da não ocorrência de nenhum outro sintoma. Presenciaram diversas cenas de mau tratamentos de outros pacientes, presenciaram pacientes que percebiam a normalidade neles, presenciaram pacientes que como eles jogavam fora seus remédios e ao final do período foram liberados sem nenhum outro sintoma aparentemente, sem nenhuma justificativa que corrobasse aquela internação.
O texto causou uma certa comoção na área de psiquiatria por criticar a categorização na área, não pelos sintomas do paciente, mas pelo contexto, sendo também apoiado por estudos como os testes realizados por Rosenthal e Jacobson e o experimento de Hans, o cavalo matemático. Robert Spitzer, psiquiatra famoso da época, criticou o estudo de Rosenham pela pouca de quantidade de dados acerca do estudo (como por exemplo o nome dos hospitais) ou como os pseudopacientes de fato se comportavam assim que entravam no hospital.
Podemos ver um caso similar a esse sendo retratado no filme Um Estranho no Ninho de Milos Forman em que um detento simula ser insano para não trabalhar e acaba indo parar em uma clínica. O rumo acaba sendo um pouco diferente quando o detento estimula os outros pacientes a se revoltarem contra as normas da enfermeira chefe e acaba tendo pagar consequências por isso. Comparando com o caso estudado vemos uma denúncia às práticas e uma relutância da classe em aceitar tais críticas, por não darem crédito aos pacientes ali internados, enxergarem-os como páreas da sociedade.
Ao meu ver, são críticas muito válidas as feitas pelo filme e pelo texto, apesar de não enxergarem ela valendo da mesma maneira hoje em dia (apesar de não conhecer muito, prefiro acreditar que os tratamentos sejam mais humanizados). Além disso, achei que faltaram alguns dados mais técnicos para que comprovasse um pouco melhor os resultados e a eficácia do estudo de fato. No entanto, acredito que ele aborda questões importantes que devem ser pensadas por todo profissional em formação: qual é o principal objetivo de fazermos esse trabalho? A meu ver, deveriam ser as pessoas.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Problemática do suicídio - parte 2

A segunda parte do texto trata-se sobre o estudo da experiência do Programa de Prevenção ao Suicídio do Centro de Valorização à Vida em Porto Alegre que faz um trabalho na linha de intervenção e prevenção do suicídio. Um fator interessante que o texto destaca é que o trabalho é feito por voluntários não especializados que são treinados para fazer esse atendimento.Esse treinamento é um dos fatores que é explorado pelo texto também.
O CVV iniciou seus trabalhos em 1962 em São Paulo e mantém também outros trabalhos assistenciais como o Programa de CVV de Prevenção ao Suicídio, o Hospital Francisca Júlia, o Caminho de Renovação Contínua, Amigos de Zippy.
O trabalho realizado em Porto Alegre consiste em atendimento via telefone (esse é realizado 24 horas por dia, inclusive em domingos e feriados) e pessoalmente (das 8h às 18h, também em domingos e feriados) sendo um trabalho realizado de maneira sigilosa e gratuita, aberta para quem necessitar conversar sobre dores e angústias, momentos difíceis. Posteriormente foi instituído também um trabalho online que continua operando até hoje.
A prevenção ao suicídio pode ser dividido em três categorias: científico, que são remunerados e integrados por profissionais; o atendimento religioso que é feito por pessoas que participam de alguma ordem de carácter religioso e os humanitários que é a base do trabalho feito pelo CVV, não tendo bases religiosas, políticas ou partidárias.
O CVV busca a valorização da vida através da formação de uma sociedade fraterna, compreensiva e solidária. O grupo tem valores que pregam a tendência construtiva humana e os valores do trabalho são "direção centrada no grupo, aperfeiçoamento contínuo, comprometimento e disciplina".
Os voluntários são capacitados segundo a teoria de Carl Rogers da "Abordagem Centrada na Pessoa" que conhecemos na primeira parte do texto. Por ter como base uma teoria, foi necessário a estruturação de um treinamento formalizado.
A definição de relação de ajuda é dada através da interação da pessoa que precisa de ajuda com o voluntário,  dando-se através da comunicação sendo o assunto o problema e como solucioná-lo. No CVV é focada na abordagem de Rogers de ACP que todo voluntário deve conhecer bem e colocá-la em prática, também tendo um foco de autoconhecimento, desenvolvimento e crescimento para que seja capaz de realizar suas atividades.
A ajuda do CVV busca reativar no indivíduo atendido sua Tendência Atualizante, ou seja, autonomia, conservação e socialização. As atitudes adotadas pelos funcionários são chamadas Condições Facilitadoras do Crescimento, que tem a ver com a postura de que o voluntário cria condições favoráveis para o amadurecimento e bem estar, porém não é responsável pela resultado final (suicídio ou não), tendo uma visão positiva de que aquela pessoa vai optar por direções positivas.
Para que seja facilitado o crescimento do indivíduo é necessário que o voluntário conheça muito bem o conceito de Compreensão Empática. Para compreender empaticamente uma pessoa, devemos deixar de lado nossas próprias crenças pessoais e emergir no mundo daquela pessoa sem preconceitos e julgamentos. Por conta disso, é necessário, como citado  acima, que o voluntário tenha um bom autoconhecimento.
Outra atitude muito importante para o crescimento da pessoa ajudada, é a Consideração Positiva Incondicional porque traz total atenção às ambivalências (isso significa que a pessoa tem a possibilidade de se aceitar podendo assim se conhecer de fato, assim facilitando a mudança).
A ideia do ACP é principalmente fazer com que a pessoa entre em contato consigo mesma e tome suas próprias decisões sendo um voluntário apenas um facilitador. Por isso cabe ao voluntário não julgar e que ele seja congruente com suas atitudes porque muitas vezes no "mundo real" tendemos a dissimular sentimentos.
Quanto ao treinamento ele é realizado da seguinte maneira: a partir de uma Aula Inaugural, voluntários da CVV são divididos a partir da área de interesse que mais agradar (por horários disponíveis. Os cursos tem carga mínima de 30 horas, podendo chegar a 36 horas, sendo que as turmas podem chegar a no máximo 20 pessoas (maiores de idade e alfabetizadas).
São doze encontros divididos em Temas, Estágios e uma aula de revisão de Temas e uma aula relativa à questões administrativas.
Além do curso, a CVV tem um Manual do Voluntário que tem o conteúdo a ser ministrado, porém no curso ele deve ser contextualizado.
Todo voluntário deve fazer a cada dois anos um curso de reciclagem e também participar de reuniões mensais para falar sobre as experiências que viveram em exercícios chamados "Vida Plena" em que também é utilizado o feedback.
A seguir o texto entra na explicação dos módulos do treinamento. Os temas introdutórios (1, 2, 3) buscam conhecer a CVV, os casos que chegarão (buscando conhecer mais sobre suicídio), o próprio voluntário (voltado a aquela questão de autoconhecimento previamente citada) e a relação de ajuda (destacando que essa não é uma substituta à terapia, trazendo que nessa relação os voluntários buscarão que a própria pessoa chegue a sua decisão, buscando também uma atenção muito grande aos detalhes, fazendo as coisas com paciência  e cuidado).
O módulo 2 é executado de maneira um pouco diferentes, sendo aulas teóricas e práticas ao mesmo tempo. As aulas práticas são chamadas treinamentos de papéis e esse tipo de exercício tem diversas modalidades como Role Playing (buscando vivenciar situações o mais fidedignas possíveis que simulem as vivências dentro do CVV), o Estágio 1 (que visa preparar emocionalmente os voluntários para o que virá através de dinâmicas de grupo e exercícios), o Estágio 2 (cujo o foco é explorar situações mais amenas como abordagens telefônicas mais simples e também fechamento de atendimentos, porém ainda mantendo a abordagem levantada no tópico de relação de ajuda, sendo sempre muito cauteloso), o Estágio 3 (que foca em temas como sigilo, confidencialidade e privacidade e também no atendimento de pessoas que fazem uso de substâncias psicoativas), o Estágio 4 (cujo o foco é o tema perdas sendo essas de diversos tipos separações, desemprego, de pessoas etc; sendo essa etapa muito importante para executar a paciência e tolerância; também nesse estágio desenvolve-se um dialogo sobre temas de temática sexual), o Estágio 5 (que busca passar para os voluntários sobre as diversas reações/expressões de sentimentos que eles terão de lidar ao longo do trabalho; além disso ele busca trabalhar com o voluntário como lidar com diversas personalidades, inclusive as manipuladoras que entram em contato para descobrir falhas no programa e os tipos de atendimentos mais drásticos de pessoas cujo suicídio já está em andamento por exemplo).
A finalização da capacitação se dá por uma autoavaliação do funcionário, buscando saber o quanto ele acredita ter aproveitado do treinamento e o quanto acredita no trabalho feito pelo CVV. É nesse momento que o voluntário é levado a refletir se vai trabalhar de fato no programa ou colaborar de outras maneiras. A partir dessa resposta são organizados os horários de plantão dos novos voluntários em um momento em que eles ainda serão acompanhados por alguém mais experiente. Após o fim dessa experiência, ele assinará o termo de voluntariado e receberá as chaves do posto.
A parte final do texto é um resumo sobre a experiência da autora como voluntária plantonista que também colabora com a seleção dos candidatos. Nesse momento a autora busca desmistificar alguns pontos sobre o suicídio e sobre o trabalho como voluntário.